Faça as pazes com a sua infância
- Thais Peressim
- 7 de out.
- 5 min de leitura

A infância é o alicerce emocional e psicológico sobre o qual construímos tudo o que somos. Ela não termina quando crescemos — apenas muda de forma. As experiências, os vínculos, os afetos e até as ausências vividas nessa fase permanecem dentro de nós, influenciando a maneira como reagimos, como nos relacionamos e como nos vemos no mundo.
Quando uma criança é acolhida, ouvida e valorizada, ela aprende a confiar em si mesma e no outro. Mas quando isso não acontece, o impacto pode atravessar os anos e se manifestar na vida adulta em forma de ansiedade, insegurança, dificuldade de se expressar ou de estabelecer relações saudáveis. Muitas vezes, o adulto que se sente “desencaixado” ou “insuficiente” é, na verdade, uma criança ferida tentando ser aceita.
Por isso, olhar para a própria infância com compaixão é essencial para compreender quem somos hoje. Fazer as pazes com esse passado não significa reviver a dor, mas sim curar as feridas emocionais que continuam abertas — para, finalmente, viver com mais leveza, afeto e liberdade.
Este artigo é um convite para esse reencontro. Um chamado para reconhecer a criança que ainda habita em você e oferecer a ela o que talvez tenha faltado: amor, escuta e acolhimento. Porque, no fim das contas, o adulto que você é diz muito sobre a criança que você foi.
A infância que mora em você
Mesmo sem perceber, carregamos a criança que fomos em cada decisão que tomamos. Ela aparece nas inseguranças, nas tentativas de agradar, no medo de errar ou no impulso de se esconder para não incomodar.
Muitos adultos ansiosos, inseguros ou com baixa autoestima são, na verdade, crianças que aprenderam a se calar, a se adaptar e a se encolher diante de um mundo que não lhes ofereceu o acolhimento necessário. Essas defesas, que um dia foram estratégias de sobrevivência, acabam se tornando prisões emocionais na vida adulta.
Reconhecer essa criança e escutá-la é o primeiro passo para libertar-se desses padrões. Não se trata de reviver o passado com dor, mas de oferecer a si mesmo o que faltou — carinho, atenção, validação e amor.
A terapia como ponte de reconciliação
A boa notícia é que essa reconciliação é possível. A terapia é um espaço seguro onde você pode reencontrar a criança que ficou esquecida, compreendê-la e acolhê-la com maturidade e compaixão.
Na terapia, você aprende a ressignificar experiências, entender o impacto emocional das vivências da infância e construir novas formas de se relacionar consigo e com o mundo. É um processo de reescrita da sua história — uma história com mais afeto, segurança e liberdade.
Permitir-se esse reencontro é um ato de coragem e amor-próprio. É dizer: “Eu mereço viver sem o peso do passado”.
Entre as responsabilidades, cobranças e pressões da vida adulta, é comum que a espontaneidade vá sendo silenciada. A rotina, o trabalho e as exigências de “ser produtivo” acabam deixando pouco espaço para a leveza, o riso e a criatividade. Mas a verdade é que a sua criança interior nunca foi embora — ela apenas aprendeu a se esconder. E, no fundo, ela ainda espera por um momento de liberdade para voltar à cena.
Resgatar essa parte de você não é um ato de infantilidade, e sim de reconexão. É permitir que o lado mais verdadeiro, sensível e curioso da sua essência volte a se manifestar. Essa criança interior é a fonte da sua vitalidade, da sua imaginação e da sua capacidade de se encantar pela vida — e ela precisa ser acolhida, não reprimida.
Deixe-a brincar, rir e sonhar
Quando foi a última vez que você fez algo apenas pelo prazer de fazer? Sem metas, sem julgamentos, sem a obrigação de “ser bom” naquilo?
Permita-se pequenos resgates: ouvir músicas que marcaram sua infância, rever filmes antigos, colorir um desenho, dançar sem motivo, brincar com seus filhos, cozinhar algo divertido, andar descalço na grama.
Esses gestos simples têm um poder imenso — eles despertam partes de você que estavam adormecidas. A leveza, a curiosidade e o encantamento que você experimentava quando criança são combustíveis emocionais para viver com mais autenticidade. Quando você se dá a liberdade de brincar, também se permite respirar, sentir e reconectar-se com a alegria de existir.
Cuide de si com mais gentileza
Fazer as pazes com sua infância também significa mudar a forma como você se trata hoje. É acolher o adulto que você se tornou com o mesmo carinho que faltou lá atrás. Em vez de se cobrar perfeição, aprenda a se tratar com paciência. Em vez de se julgar, ofereça compreensão.
Cada vez que você se acolhe diante de um erro, está dizendo à sua criança interior: “Está tudo bem, eu estou aqui com você.” Essa atitude cria um espaço interno de segurança, no qual você pode ser quem realmente é — sem medo, sem máscaras e sem a sensação de precisar merecer amor o tempo todo.
Ser gentil consigo mesmo é uma forma poderosa de cura. É o amor adulto que abraça a criança ferida e, com esse gesto, devolve a ela a confiança e a liberdade que um dia foram perdidas.
Permitir que sua criança interior volte à cena é, na verdade, um retorno à sua essência — o reencontro com a parte mais autêntica, leve e viva de quem você é.
O adulto que você é reflete a criança que você foi
Cada fase da vida está conectada. O adulto que você é hoje carrega a história da criança que um dia foi — com suas dores, suas alegrias e suas tentativas de ser amado.
Quando você se reconcilia com essa parte de si, algo dentro se realinha. Você passa a se compreender melhor, a se relacionar com mais empatia e a viver de forma mais leve.
Fazer as pazes com sua infância não é voltar atrás. É seguir em frente com mais consciência, curando o que ficou e honrando a pessoa que você se tornou.
A infância realmente não passa — ela se manifesta todos os dias, nas nossas emoções, nos relacionamentos e nas reações que temos diante dos desafios da vida. Quando ignoramos essa parte da nossa história, acabamos repetindo padrões e feridas antigas, sem entender de onde vem tanta dor, medo ou necessidade de aprovação.
Fazer as pazes com a sua infância é um convite a olhar para dentro com coragem e ternura. É reconhecer que aquela criança ainda existe em você e que, embora tenha vivido experiências difíceis, ela também guarda força, criatividade, curiosidade e amor. Curar-se não é apagar o passado, mas aprender a dar um novo significado a ele — um significado que te permita seguir em frente mais leve e inteiro(a).
A terapia é uma grande aliada nesse processo, pois oferece um espaço seguro para revisitar memórias, compreender comportamentos e fortalecer sua autoestima. Quando você acolhe a criança que um dia precisou se esconder, você permite que ela volte a sorrir — e, com isso, o adulto que você é também se transforma.
Permitir-se viver essa reconciliação é um gesto de amor-próprio profundo. É dizer a si mesmo: “Eu me vejo, eu me escuto, eu me aceito”. E a partir desse encontro, nasce um novo ciclo — mais consciente, mais livre e mais verdadeiro.
Faça as pazes com sua infância. Cuide da criança que existe em você, porque é dela que vem a capacidade de sentir, amar e viver com plenitude.
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