A busca da felicidade: um caminho de consciência, não de perfeição
- Thais Peressim
- 3 de nov.
- 4 min de leitura

A ilusão da felicidade plena
Vivemos em uma época em que a felicidade se tornou quase uma obrigação. As redes sociais, os livros de autoajuda e as frases motivacionais que circulam diariamente parecem afirmar que basta “pensar positivo” ou “acreditar em si mesmo” para alcançar uma vida plena. Porém, essa promessa de bem-estar constante é, na maioria das vezes, irreal.
A felicidade não é um destino que se chega após cumprir uma lista de tarefas ou conquistar uma série de metas. Ela não é um prêmio concedido a quem faz tudo “certo”. Na vida adulta, especialmente, aprendemos que ser feliz não significa viver sem problemas, e sim aprender a lidar com as imperfeições, os imprevistos e os momentos de dor sem perder o vínculo com o que dá sentido à vida.
É comum que pessoas em busca de felicidade se sintam frustradas por não alcançarem o ideal que imaginam. Essa sensação de fracasso, paradoxalmente, afasta ainda mais do bem-estar que tanto se deseja. Por isso, mais do que perseguir a felicidade como um objetivo fixo, talvez o verdadeiro desafio seja aprender a reconhecê-la nos pequenos instantes, mesmo quando a vida não está perfeita.
Felicidade na vida adulta: o peso das expectativas
A vida adulta traz uma série de responsabilidades: trabalho, contas, relacionamentos, expectativas sociais e familiares. Com tantas exigências, a ideia de ser feliz o tempo todo parece cada vez mais distante. Muitos adultos se veem presos entre o desejo de “ter uma vida perfeita” e a sensação de estarem sempre aquém do que imaginavam para si.
Essa sensação é amplificada pelas redes sociais, que expõem uma versão filtrada da vida alheia e criam comparações constantes. De repente, o que é “suficiente” parece pouco. E assim, a felicidade vai se tornando uma cobrança, não um sentimento.
Mas a verdade é que a felicidade adulta se constrói no cotidiano, nas pequenas pausas e nas decisões conscientes de cuidar de si. Não se trata de eliminar o sofrimento, e sim de aprender a lidar com ele de forma mais saudável.
O papel do autoconhecimento
A busca pela felicidade passa inevitavelmente pelo autoconhecimento. É ele que permite entender o que realmente tem significado, o que é prioridade e o que pode ser deixado de lado.
Muitas vezes, acreditamos que seremos felizes quando conquistarmos algo — um emprego, um relacionamento, um padrão de vida. Porém, quando esses objetivos são alcançados, o sentimento de satisfação tende a ser passageiro. Isso acontece porque a felicidade baseada em resultados externos raramente é sustentável.
O autoconhecimento nos ajuda a enxergar que a verdadeira satisfação vem da coerência entre quem somos e o modo como vivemos. Isso inclui reconhecer vulnerabilidades, aceitar limitações e aprender a construir uma rotina emocionalmente saudável — sem precisar corresponder às expectativas externas.
Felicidade e sofrimento: dois lados da mesma experiência
Ao contrário do que se costuma acreditar, a felicidade não exclui o sofrimento. Ambos coexistem e se complementam. Momentos de tristeza, frustração ou solidão não são sinais de fracasso, mas partes naturais da experiência humana.
Aprender a conviver com o desconforto é fundamental para desenvolver resiliência emocional. É nos momentos difíceis que amadurecemos, repensamos caminhos e damos novos significados à vida.
Essa compreensão é essencial para evitar a armadilha de acreditar que algo está “errado” quando não estamos felizes. Na prática clínica, é comum observar que, quando o indivíduo passa a aceitar suas emoções, todas elas experimentam uma sensação mais autêntica de bem-estar.
A felicidade como construção diária
Ser feliz, na vida adulta, não é um destino final. É um processo contínuo, feito de escolhas conscientes, de pausas necessárias e de autocompaixão. Pequenos hábitos podem contribuir para esse equilíbrio emocional:
● Reservar tempo para o descanso e o lazer;
● Cultivar relações genuínas, que acolhem e não exigem perfeição;
● Estabelecer limites saudáveis entre trabalho e vida pessoal;
● Buscar ajuda psicológica quando o peso da rotina se torna excessivo;
● Reconhecer conquistas, mesmo as pequenas.
Essas atitudes não eliminam os desafios da vida, mas ajudam a construir uma base emocional mais estável, um lugar interno de onde é possível enfrentar o mundo com mais leveza.
Quando a busca pela felicidade se torna sofrimento
Há momentos em que a cobrança por “ser feliz” se transforma em angústia. Quando a pessoa sente que nunca está satisfeita, ou que precisa estar bem o tempo todo, pode estar vivendo o que os psicólogos chamam de “positividade tóxica” — uma negação das emoções legítimas que fazem parte da vida.
A terapia, nesse contexto, é um espaço seguro para desconstruir essas crenças e compreender que todas as emoções têm um propósito. Tristeza, raiva, medo e incerteza são sinais humanos que merecem acolhimento, não repressão.
Com o apoio de um profissional, é possível reconstruir uma relação mais realista com a felicidade — entendendo que ela não depende de uma vida perfeita, mas de uma vida sentida com presença.
O valor de viver o real
A busca pela felicidade não precisa ser uma corrida exaustiva. Ela pode ser uma caminhada tranquila, com pausas, quedas e recomeços. Ser feliz na vida adulta é aprender a viver o real, com todas as suas nuances — sem negar a dor, mas também sem deixar de perceber a beleza que existe nos instantes simples.
Como disse o escritor Carl Jung, “A vida não vivida é uma doença da qual se pode morrer.”Buscar a felicidade, portanto, não é negar a realidade, e sim viver de forma mais consciente, conectada e inteira.
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